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Viver ou Existir?

“(…) não vos preocupeis com vossa vida, pelo que haveis de comer ou beber, nem com vosso corpo, pelo que haveis de vestir: não é a vida mais que o alimento e o corpo mais que a roupa?”(Mateus 6; 25)

O professor J. Herculano Pires comenta em seu livro A evolução espiritual do homem (Ed. Paidéia) que, segundo as filosofias da existência, viver é diferente de existir. O filósofo de Avaré coloca luzes da doutrina espírita sobre esta afirmativa, explicando que os seres viventes são aqueles que se ocupam exclusivamente com as exigências do corpo, enquanto que os seres existentes transcendem estes anseios e buscam a satisfação da alma.

Muitos vivem unicamente para atender às satisfações da matéria, em especial, comer, beber, relações sexuais, dinheiro e poder. Não se dão conta de que o corpo físico nada mais é do que um instrumento de trabalho do espírito rumo à perfeição.

Mas chega o dia em que aqueles que assim agem, percebem que não são felizes, que falta “alguma coisa”… Inicia-se, então, a escalada rumo ao ser existencial. Continuarão atendendo às necessidades da matéria citadas acima, mas investirão parte de seu tempo ao imprescindível para a alma.

O ser existente é aquele que se ocupa com seu próximo. Ao ver o incêndio das dores invadindo os corações de seus irmãos, tem compaixão e leva sua gota d’água para amenizá-lo. Compreende melhor os erros alheios e exercita o perdão. Distribui o bem que é possível e descobre que fazer o bem lhe faz feliz.

Jesus, como registrado em epígrafe, aborda este tema no Sermão da Montanha. Ensina a não nos preocuparmos com as coisas do corpo. Isto não significa relaxamento com elas, mas sim trabalho para conquistar o básico, confiante em Deus e sem preocupações e ansiedades.

Ora, se Deus alimenta as aves do céu, veste magnificamente os lírios do campo e nos dá o bem maior que é a vida, certamente nos proverá com o bem menor (alimento, roupa etc.). Conclui o Mestre o seu raciocínio lógico afirmando que devemos primeiramente buscar o Reino de Deus (necessidades do ser existente) e todas as coisas serão acrescentadas (necessidades do ser vivente).

Dediquemos, pois, parte de nosso dia ao estudo, à meditação das verdades eternas e à prática do bem, sintetizada na questão 886 de O livro dos espíritos, como benevolência, indulgência e perdão. Certamente este é o caminho do existir e, conseqüentemente, da felicidade!

Autor: Alberto Leitão Rosa

Jornal “O Espírita Fluminense

Instituto Espírita Bezerra de Menezes – IEBM – Niterói – RJ

Janeiro/Fevereiro 2011

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