Lucas tem cinco anos. No último Natal, pela primeira vez, conseguiu se desfazer de um brinquedo para doar a uma criança necessitada, depois de muita negociação com sua mãe. Seu irmão mais velho, Pedro, de sete anos, é mais desapegado. Sempre separou, espontaneamente, roupas e brinquedos para encaminhá-los a outras crianças. Agora, com a volta às aulas, a mãe, constantemente preocupada em ajudar a quem precisa, sugeriu que ambos doassem as mochilas usadas para meninos com dificuldades financeiras. Desta vez, Lucas prontamente deu não somente a mochila, mas também a merendeira.
Lara tem quatro anos. Participa diariamente do Culto do Evangelho do Larcom a mãe, a avó e a irmã. No ano passado, manifestou o desejo de também fazer preces. De início, dirigindo-se sempre ao Papai do Céu, fazia petitórios muito simples. Aos poucos, foi mudando. Outro dia, surpreendeu a todos repetindo palavras usadas pelos adultos: “Senhor, abençoa…”, ou “Mestre, obrigada por…”.
Esses dois casos têm algo em comum. Eles revelam o quanto a criança imita o comportamento alheio.
De fato, na última década, estudos sobre o que leva o ser humano a imitar outro sofreram grande avanço. Pesquisas na área das neurociências estão apontando que, tanto os animais quanto os seres humanos parecem ter uma capacidade de imitar automaticamente o que vemos outros fazer. Hoje, acredita-se que isso é função dos neurônios-espelho. Dito de uma forma bem simplificada, esses neurônios têm por função representar e organizar no cérebro da pessoa suas próprias ações, como seus gestos, movimentos do corpo, expressões faciais etc. Acontece que essas mesmas células também são ativadas quando se observa essas ações sendo realizadas por outra pessoa. Tal como um espelho, tais neurônios “refletem” automaticamente ações alheias, permitindo ao observador tanto imitá-las quanto interpretá-las. Continuar lendo “Estejamos atentos: a criança imita o que vê!” →